LGPD como estratégia de competitividade

Ana Cristina Cardoso Quevedo, sócia e DPO do escritório Xavier Advogados

Os dados dos indivíduos são os ativos mais valiosos que uma organização pode ter em sua posse nos dias atuais. Isso fica ainda mais evidente com a criação da Lei Geral de Proteção de Dados, que legisla sobre a coleta e utilização dos mesmos pelas empresas. E isso independente se a empresa está localizada dentro ou fora do país: se houver processamento de dados de pessoas que se encontram em território nacional, a organização deve seguir conforme à Lei Nº 13.709. Porém, muito mais que segurança digital, a LGPD oportuniza o aumento da competitividade de um negócio no mercado em que atua. Isso porque, demonstra a preocupação da empresa com os seus clientes, fornecedores e colaboradores. 

A LGPD, além de um investimento, passou a ser uma estratégia de competitividade, uma vez que traz à luz a transparência do processo de manejo dos dados coletados. Hoje, o público preza pela transparência e dá preferência para locais que se mantém em conformidade com a legislação. Ao cumprir as disposições legais, as organizações oportunizam aos clientes um tratamento ético. Isso impacta na reputação que, se bem gerida e trabalhada, traz ganhos competitivos para os negócios. E eis a importância da organização em se adequar à lei em questão.

Apesar de vigente desde agosto de 2021, muitas empresas se adaptaram minimamente e viram a lei como mais uma sanção burocrática do governo. Mas, se houver um olhar diferenciado para a LGPD, os empreendedores irão ver que o processo de adequação irá trazer um conhecimento e uma compreensão mais detalhada do ambiente de negócio. Esse processo raramente acontece no dia a dia, e pode ser uma oportunidade de realizar melhorias não apenas referente aos dados, mas em outras áreas que se mostrarem necessitadas e que podem trazer resultados positivos para a empresa como um todo. 

Outra questão é que a adequação ao LGPD deve ser vista como um investimento, uma vez que o retorno financeiro para as organizações que já seguem a lei é duas vezes maior em relação àquelas que não estão adequadas. Além do mais, também é uma segurança para evitar danos mais graves, com prejuízos financeiros significativos, como vazamento de dados, já que Brasil é considerado o país mais tendente a sofrer este tipo de incidente em consequência da baixa cultura de segurança cibernética, segundo constatou uma pesquisa realizada pelo Ponemom Institute. Porém, caso tais incidentes aconteçam, a LGPD auxilia para a identificação imediata e possibilita colocar em prática diversas ações para conter os danos. 

Contudo, se adequar à lei também vai muito além de estar em conformidade com a legislação, uma vez que as empresas estarão reforçando perante os seus fornecedores, contratantes e clientes a sua confiabilidade, pois compreende que os dados que recebem são tão importantes quanto os que emitem. Essa troca obrigará que as empresas se adequem à Lei, pois aquelas que não o fizerem perderão espaço de mercado, uma vez que empresas em conformidade com a LGPD só admitirão contratar uma outra que atenda às mesmas exigências. Ou seja, o investimento também se mostrará uma ótima estratégia de negócio. 

Um negócio demora anos para criar uma reputação positiva no mercado em que atua. Porém, para perdê-la, basta uma única falha. E não estar em conformidade com uma lei que assegura os dados de todos os públicos de uma empresa é uma falha que pode ser claramente evitada. 

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